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MIS Experience: sentimento brasileiro

Um dos maiores artistas do Brasil, Candido Portinari registrou como poucos o imaginário e a cultura do nosso país levando tais cenários para além das fronteiras nacionais. A atual exposição no MIS Experience sobre seu legado comprova esta ideia

Por Ana Carolina Ralston – Curadora de arte

“Nenhum pintor pintou mais um País do que Portinari pintou o seu”, declarou certa vez o crítico e pesquisador Israel Pedrosa. A frase, repetida incessantemente no mundo das artes, confirma um fato essencial para o entendimento do legado de Portinari para o Brasil. Sua obsessão pelo imaginário e pela cultura de seu país fez deste cenário não só uma assinatura de seu trabalho, como um patrimônio a ser cultuado pelo mundo. Seus temas sociais, históricos, religiosos, as festa popular e os retratos dos grandes brasileiros de sua geração, além da fauna e da flora, permeiam a produção do artista de forma autoral e constante, em uma profunda busca pelo ser brasileiro.

Sua história heroica só aquece mais o coração daqueles que amam às artes. Filho de imigrantes italianos, Portinari teve pouco estudo, não completando sequer o ensino primário. Mas a vocação para a arte sempre esteve ali, desde a infância. Aos 14 anos de idade, alguns pintores e escultores italianos que atuavam na restauração de igrejas, passa pela região de Brodowski, interior de São Paulo e onde Portinari nasceu, e acabaram por recrutá-lo como ajudante. Começara aí sua inusitada trajetória pelos olhos do mundo. Tais acontecimentos estão registrados de forma singular em Portinari para Todos, exposição em cartaz no MIS Experience até 10 de julho, com patrocínio da marca Portinari.

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Acho muito interessante relembrarmos a trajetória do artista em uma exposição deste porte no ano em que comemoramos o centenário da Semana de Arte Moderna de 1922. Portinari foi sim um grande modernista e visionário, e isso apenas se confirma ao olharmos seu traço único que celebra nossa história. No entanto, é importante lembrar que ele mesmo não participou de fato do grande evento na década de 20, assim como Tarsila do Amaral também não. Mesmo assim, artistas como Portinari e Tarsila seguem sendo símbolo de um movimento importante para o crescimento das artes no Brasil e para o desenvolvimento de um projeto identitário que está em plena evolução.

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Ana Carolina levou os três filhos para conhecer a mostra

As áreas imersivas da exposição exibida agora no MIS Experience, levam-me diretamente a um momento específico da vida do artista: quando ele ganha reconhecimento internacional. Penso que a sensação de Alfred Barr, diretor geral do MoMA, ao ver a obra de Portinari deve ter certa semelhança simbólica com o que sentimos ao entrar em uma grande área rodeada pelas projeções de suas criações. Como contam os registros, o interesse de Baar pela produção foi tanta que o diretor decidiu preparar uma exposição individual do artista em plena Nova York. Certamente ele também se sentiu abraçado e, de certa forma, emocionado com o que viu, assim como a mostra nos permite sentir agora, em São Paulo. Ponto alto também são as vistas do painéis Guerra e Paz, presenteados à ONU em 1956 e que ganham dimensões monumentais na sala expositiva.

Como poucos artistas brasileiros, Portinari pode desfrutar do sucesso de sua produção, apesar da morte prematura, aos 59 anos por uma grave intoxicação de chumbo, presente nas tintas que usava. Sua obra, no entanto, continua viva, celebrada e inspirando marcas como a Portinari. Que a arte siga liderando mentes criativas e nos fazendo relembrar as grandes histórias de um país em eterna construção.